A intransigência e a tolerância: virtudes e pecados à luz da Palavra
Os substantivos, quase sempre, sem o adjetivo, podem significar uma coisa boa ou uma coisa má. É o adjetivo a palavra que qualifica o substantivo. Quem vai dizer exatamente se o substantivo é bom ou mau. Fulano é intransigente, fulana é tolerante.
Existe uma intransigência boa do céu.
Existe uma intransigência má do inferno.
Existe uma tolerância boa, a de Cristo.
Existe uma tolerância má, a de Satanás.
Não se animem, portanto, num primeiro momento, quando ouvirem tal palavra. Rótulos, clichês, são bobagens, às vezes com uma intenção maliciosa para rotular, desmerecer, desqualificar uma pessoa. E sutilmente, aquilo que, no imaginário popular, chamamos de inconsciente coletivo — não me agrada muito essa palavra —, elogiar alguém como se a palavra sozinha fosse, por si, sem o adjetivo, sem o contexto, algo merecedor de aplauso.
Intransigência como virtude e a transigência como pecado
A intransigência como virtude e a transigência como pecado. Ou, se quisermos, a intolerância como virtude e a tolerância como pecado. Mas existe uma intolerância boa? Existe. Existe uma tolerância pecaminosa? Existe. Vamos primeiro à etimologia dessas palavras. Tolerância vem do latim tolerare, que significa simplesmente suportar. O sentido original dessa palavra: suportar pacientemente o mal ou a dor. O significado bem antigo e o significado atual: aceitar a diferença, permitir a divergência. Bem, essa palavra tolerância pode ser uma virtude quando ela significa paciência, e pode ser um vício quando ela significa conivência.
Agora, vamos tratar da intransigência. A etimologia, ou seja, o sentido da palavra na língua latina. Intransigência vem de in, que significa não; transigere significa chegar a um acordo. Portanto, intransigência é a disposição de não querer acordo. O sentido original dessa palavra: não ceder em uma negociação. “Não cedo de jeito nenhum”.
O sentido atual: firmeza inflexível nos princípios da pessoa.
Então, nesse sentido etimológico e também no sentido primevo e atual, intransigência pode ser vício e pode ser virtude. É vício quando é rigidez desumana; é virtude quando é fidelidade. Portanto, a palavra precisa ser inserida no contexto etimológico e no contexto da própria circunstância ou da pessoa em que se aplica esse adjetivo ou substantivo, ou se quisermos, esse substantivo adjetivado.
A intransigência boa e a má segundo a Bíblia
Agora, vamos entrar em cheio na Bíblia e falar da intransigência boa e da intransigência má. A boa, virtude; a má, pecado. E vamos falar da tolerância ou transigência: a boa, virtude que agrada a Deus; e a tolerância má, que é pecado. No Testamento, nós encontramos um equilíbrio bastante delicado entre a caridade e a fidelidade intransigente à verdade revelada.
O hino à caridade
No hino à caridade, abra a sua Bíblia na Primeira Carta aos Coríntios, 13,4-7. A primeira qualidade da caridade é esta: a caridade é paciente, mas leia o texto todo, porque tem várias qualidades da caridade, e tem uma delas que ajuda a gente a entender que a paciência não é abestalhamento. A paciência não significa dizer que você tem que ser um saco de pancada.
“A caridade é paciente, a caridade é bondosa.
Não tem inveja.
Não se irrita, não guarda rancor.
Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade.
Tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”
Cada qualidade da caridade adjetiva as outras qualidades. Se a caridade é paciente, ela não se alegra com a injustiça. Portanto, é possível você ser caridoso sem concordar com a injustiça e sem aceitar ser saco de pancada daquela pessoa com quem você deve ser paciente. Jesus foi paciente com os seus conterrâneos de Nazaré, da Galileia, até os 30 anos de idade. Mas quando Ele começou o ministério público e os seus conterrâneos tentaram matá-lo, levando-o para um lugar alto para precipitá-lo de lá (Lucas capítulo 4), Jesus se afastou deles.
Confira a pregação completa no vídeo abaixo: