Padre Rufus Pereira

O jovem e sua cura emocional

Curas emocionais

As duas fontes dos nossos problemas são os ferimentos e as mágoas que vivemos em nossa vida, e as influências do mal que vêm até nós quando frequentamos o espiritismo ou em caso dos nossos familiares. Eu tenho visto isso em muitos países que são católicos, como exemplo, Portugal e Brasil, que têm muito mais casos que na África e na Ásia. É preciso trazer ao Senhor os ferimentos que ainda não foram curados, assim como quando vamos ao médico.

Quando olhamos para nós mesmos e vemos as coisas estranhas que acontecem conosco, olhamos para sintomas físicos como dor de cabeça ou sintomas emocionais como, medo, tristezas, amarguras, temos que buscar as causas, razões desses sintomas físicos e emocionais.

Os sintomas emocionais que, normalmente, os nossos jovens e as nossas crianças enfrentam são esses que eu vou falar para vocês.

O sentimento mais importante é de rejeição

A rejeição, com frequência, de pessoas que estão mais próximas; às vezes, do próprio pai, mãe e dos irmãos. Jesus mesmo experimentou a terrível dor da rejeição, até mesmo pelo seus familiares, por ter sido mal entendido pelos apóstolos e também pelos líderes religiosos que tinham inveja d’Ele. De uma certa forma, sendo rejeitado pelo seu Pai do céu, e por isso Jesus diz na cruz nas suas últimas palavras: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste!”

O pior sentimento é aquele quando pensamos que até mesmo Deus não está fazendo nada, e este é um dos piores sentimentos que os nossos jovens e crianças enfrentam. Eu estava dando um retiro em Guam para a juventude daquele estado, e o aspecto especial daquele retiro é que os jovens tinham vindo da classe mais pobre de Guam. Os pais de quase todas aqueles jovens eram alcoólatras, e quando entraram naquele ginásio que era feito para a elite de Guam, elas puderam perceber a diferença entre as meninas da alta sociedade de Guam e elas mesmas.

Uma dessas jovens veio até mim para aconselhamento, e ela me disse que, quando tinha três anos de idade, o pai a deixou por outra mulher. E nós vemos que isso é muito comum em nossos dias. Quantas pessoas no Brasil sofrem esta dor terrível! A mãe conseguiu um trabalho no Kuaiti, e a menina foi deixada na casa onde ela trabalhava como empregada. É claro que os donos da casa cuidaram bem daquela menininha, deram a ela boa educação e, depois de cinco anos, a mãe da menina voltou para Guam para as férias, e essa menina tinha, agora, oito anos, e esperava ansiosamente encontrar-se com a mãe, mas a mãe retornou para o Kuaiti, sem se encontrar com a sua filha.

Você pode imaginar o que aquela menina sentiu? Ela devia ter, naquela ocasião, dezoito anos, todos aqueles anos de amargura e tristeza vindo à tona, e ela chorava e gritava o tempo todo. Mas o que diz o Evangelho: “Deus tem uma resposta para cada situação humana”. Deus diz: “Pode a mãe esquecer o seu filho ou a mulher a criança em seu ventre. Mas mesmo que ela se esquecesse, eu não te esquecerei, porque eu tenho o seu nome escrito na palma da minha mão”. Esta é a grande ferida que os nossos jovens e crianças sentem, que é o sentimento de rejeição.

Um outro sentimento terrível é o de inferioridade

Quando a criança nasce, tem todos os sentimentos de superioridade, mas, aos poucos, ela vai se sentindo inferior porque recebe as informações dos pais e professores; aos poucos, a criança vai sentindo que não é mais amada e passam a ter sentimento de autopiedade, de auto-ofensa e até de autodestruição. O suicídio é o último passo de uma pessoa quando ela entra no sentimento de inferioridade. Mas a Bíblia diz que não há lugar para ninguém ter sentimento de inferioridade, porque o Senhor nos criou na Sua própria imagem e semelhança, e cada um de nós é reflexo da beleza, da inteligência e do amor de Deus.

O terceiro problema que os jovens e as crianças enfrentam são os sentimentos de culpa. Como a culpa atinge uma pessoa? Ela vem quando sentimos que Deus não vai perdoar os nossos pecados, que os nossos pecados são grandes demais para que Ele consiga perdoá-los. Eu começo a sentir que Deus não me ama mais. E a culpa pode ser um peso terrível na vida de uma criança ou jovem. Infelizmente, vem esses sentimentos porque as pessoas tem uma ideia errada de Deus, mas a Bíblia tem uma resposta até mesmo para este problema de culpa. Na carta aos Romanos, capítulo 8, São Paulo nos diz: “Em Cristo Jesus não há condenação”. E até no Antigo Testamento Deus fala através do profeta Jeremias capítulo 31,31-34: “Vou fazer uma nova aliança com o meu povo, não há necessidade de um irmão ensinar. Eu mesmo ensinarei o meu povo, Eu perdoarei os pecados dos meus filhos e nunca mais me lembrarei deles”.

Outro fardo que as crianças e os jovens carregam é o medo

Como o medo chega em nossa vida? Vem com aquilo que as pessoas falam sobre coisas e acontecimentos. Começamos a ter medo sem nenhuma razão, como os medos sem nome, por exemplo, o medo do escuro, medo de pessoas, medo de multidão, medo de estar sozinho. O que a Bíblia diz com relação a esta situação: “Que Deus não quer que nenhum de nós viva com medo”. E Ele diz isso explicitamente, cerca de 365 vezes na Bíblia. Quando Jesus diz: “Não tenha medo! Nada temais”! Deus não quer que nenhum de seus filhos vivam com medo.

A fé e o medo não pode existir juntas. Se você tem medo, é um sinal de que você não tem uma fé real. Se você tem uma fé verdadeira, você não tem que ter medo. Com frequência, as pessoas que estão próximas a nós e que nos amam, nos colocam medos, mas Deus diz a cada um de nós: “Não tenhais medo!”

O que pode nos causar problemas também é o fato de não removermos os bloqueios para a nossa cura emocional. Provavelmente, porque não conseguimos identificar as causas dos nossos problemas emocionais, por isso insistimos bastante quando as pessoas buscam oração, que ela precisa buscar sob a luz do Espírito Santo todas as áreas escuras da vida passada e conheçam as raízes dos problemas que vivem hoje. Posso dizer que não vejo ninguém ser curado enquanto não é trazido à raiz daquele problema, por isso temos que remover todos os bloqueios que impedem o Senhor de nos curar.

O primeiro bloqueio para a nossa cura é o arrependimento

A Missa é a maior oração de cura. Todas as palavras e gestos da Missa são pensados para a cura, por isso traga os seus pecados ao Senhor e os coloque sobre o altar, mas com seu coração arrependido, dizendo na Missa o ato de contrição pessoal.

O segundo bloqueio da nossa cura pode ser a nossa falta de perdão

Vejo que muitos jovens e crianças têm dificuldades de perdoar seus pais por causa dos ferimentos que experimentaram. Quantas pessoas dizem: “Meu pai costumava me bater todos os dias”. Quando a gente é muito ferido, a gente sabe o quanto é difícil perdoar.

Quantas vezes eu escuto as pessoas dizendo: “Mas padre, eu rezo tanto”! Mas depende o tipo de oração você está fazendo. São Tiago diz que uma das razões pelas quais as orações não são ouvidas é porque as pessoas não rezam. A segunda razão é porque as pessoas rezam errado, por isso Jesus disse: “”Eu vou ensiná-los a rezar”. E Ele nos ensinou a rezar o Pai-Nosso, e a frase mais importante nessa oração é: “Perdoa-nos assim com nós perdoamos”. E Jesus disse: “Se vocês não se perdoarem entre vós, o Pai também não vos perdoará”. O Senhor quer que nos unamos como irmãos nos perdoando mutuamente.

Jesus disse algo que talvez seja o mais importante na Bíblia. E foi esses versículos que mudaram a vida de Manhattan Gundy, o pai do meu país. Os homens diziam: “Amem seus amigos e matem seus inimigos”. Mas Jesus disse: “Perdoe seus inimigos, orem por seus inimigos, amem seus inimigos”. E disse mais: “Felizes de vocês se os seus inimigos vos perseguem”. Por isso a coisa mais difícil no mundo é ser cristão.

Algumas religiões dizem: “Se você quer ir para o paraíso, você tem que matar os seus inimigos”, mas Jesus diz o oposto. Eu tenho que perdoar cada pessoa que na minha vida me feriu, quando isso acontece, o amor de Deus, o perdão de Deus que já está a nossa disposição, vem para o nosso interior nos curando e nos libertando. Não esqueça, devemos pedir perdão para cada pessoa que nós machucamos.

Pecado não é algo pequeno; com um pecado, uma pessoa ou uma família pode ser destruída

Para que o pecado seja perdoado, não é simplesmente dizer “desculpe-me”, eu tenho que reparar o mal que eu fiz. Em muitos casos, é impossível reparar o mal que foi feito. Se uma pessoa matou a outra, ela pode reparar aquele mal trazendo a pessoa de volta à vida? Se a mãe abortou o seu filho, ela pode dar de volta a vida para aquele filho? Nos olhos de Deus é um adulto matando uma criança indefesa. Torna-se um outro Herodes, matando Jesus naquele bebê.

Se um homem roubou a propriedade do outro, ele pode restituir? Pode o homem restituir o bom nome daquele a quem ele difamou? Então nós estamos todos condenados? O inferno está repleto de assassinos, mas Deus, em sua misericórdia, deu-nos uma saída, o que tenho que fazer é pedir perdão a cada pessoa que eu feri. E o mais importante: rezar pela cura desta pessoa, porque ela precisa de mais cura do que você. E Deus, em sua misericórdia, é quem vai reparar o prejuízo, Ele não vai deixar guardado aquele pecado na sua conta; por isso dizemos na Missa: “Eu confesso e peço perdão a Deus, e a cada irmão e cada irmã”.

O terceiro bloqueio é quando eu não renuncio às práticas ocultas das quais eu participei

Por que isso é um grande pecado? Porque é um pecado contra o primeiro mandamento. Deus disse: “Eu sou o único Deus e Senhor”. E você não deve ir atrás de deuses falsos. Com frequência, as pessoas dizem que Deus não responde suas orações, então vão para os feiticeiros e bruxos.

Meus queridos, eu tenho estado nesse ministério por trinta anos, e tenho pregado isso semana atrás de semana por tinta anos, ficando em pé por horas num palco como este, e, com frequência, eu digo às pessoas: “Se houver uma pessoa que não precise de cura depois de ter ido nestes feiticeiros, eu paro a minha pregação agora, porque sempre que vão nestes lugares voltam piores”.

Como Jesus disse, você não pode servir a dois senhores; ou você serve a um ou ao outro. Temos, na Santa Missa, a linda oração de libertação: “Liberta-nos, Senhor, do mal”. Por isso devemos pedir a libertação dos nossos jovens, das nossas crianças e das nossas famílias durante a Santa Missa.

Transcrição: Célia Grego

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