Combate espiritual 3

Combate espiritual 3

Padre Duarte Lara – Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Hoje para nós, filhos de Deus, é um dia bem especial por ser Domingo. É o dia em que celebramos a vitória de Jesus sobre todo mal. Ele ressuscitou, venceu a morte, o pecado. E para nós, quando chega o domingo, temos que celebrar. Então você pode caprichar no almoço, vá à missa com uma roupa de festa. Temos que viver o Domingo como um dia de festa!

A passagem de hoje é Mateus 19,3-12: “Os fariseus vieram perguntar-lhe para pô-lo à prova: É permitido a um homem rejeitar sua mulher por um motivo qualquer? Respondeu-lhes Jesus: Não lestes que o Criador, no começo, fez o homem e a mulher e disse: Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão uma só carne? Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu. Disseram-lhe eles: Por que, então, Moisés ordenou dar um documento de divórcio à mulher, ao rejeitá-la? Jesus respondeu-lhes: É por causa da dureza de vosso coração que Moisés havia tolerado o repúdio das mulheres; mas no começo não foi assim. Ora, eu vos declaro que todo aquele que rejeita sua mulher, exceto no caso de matrimônio falso, e desposa uma outra, comete adultério. E aquele que desposa uma mulher rejeitada, comete também adultério. Seus discípulos disseram-lhe: Se tal é a condição do homem a respeito da mulher, é melhor não se casar! Respondeu ele: Nem todos são capazes de compreender o sentido desta palavra, mas somente aqueles a quem foi dado. Porque há eunucos que o são desde o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do Reino dos céus. Quem puder compreender, compreenda.”

Hoje nós vamos meditar os dois últimos sacramentos que faltaram: o sacramento do Matrimônio e o da Ordem. A palavra comunhão é uma palavra muito cristã. Deus é comunhão de pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. E Deus nos convida a entrar em comunhão com Ele e com o próximo. Assim será na vida eterna e assim começa já nessa vida, quando entramos em comunhão com Deus. É o ministério da comunhão dos santos.

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Nessa passagem, os fariseus, para testarem Jesus, perguntam se é licito se divorciar de sua mulher. No tempo de Jesus era permitido o divórcio através de uma concessão dada por Moisés aos judeus. E o que Jesus disse? “Não separe o homem o que Deus uniu. Já não são dois, mas um só”. Esse é o mistério do sacramento do matrimônio.

O casamento é algo natural na vida do homem, que vem desde o início da criação. Se você pegar o livro do Gênesis vai ver que Deus criou homem e mulher, o primeiro casal e abençoou esse amor. Foi Deus quem criou o matrimônio. Em alguns países estão mudando o código civil na definição do matrimônio. Já não é mais um pacto entre um homem e uma mulher, mas pode ser um pacto entre dois homens. Estão querendo se colocar no lugar de Deus.

Deus abençoou o amor humano e Jesus elevou essa realidade natural à dignidade de sacramento. E ontem vimos que o sacramento são sinais eficazes da graça de Deus, capazes de nos transformar. O matrimônio é um dos sete sacramentos instituídos por Jesus que eleva e santifica o amor humano dos esposos, faz com que participem e sejam sinal do amor de Jesus por sua Igreja. Jesus ama a Igreja com um amor esponsal e a Igreja é chamada a responder a esse amor, com fidelidade total. E o sacramento do matrimônio é sinal desse amor no mundo, que é santificado por esse amor.

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Fiéis no Centro de Evangelização do Dom João Hipólito de Moraes – Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

No dia do seu matrimônio, Deus pegou o seu amor humano e elevou em uma dimensão nova, porque derramou nele o amor esponsal de Cristo e sua Igreja. E nada pode abalar esse amor, pois é o amor de Deus. Por esse amor, Jesus ressuscitou dos mortos. São Paulo já diz que nada pode nos separar do amor de Deus. Mas o demônio hoje tem um grande alvo, sobre os quais ele dispara suas bombas. Esse alvo é a família. A família está sendo atacada de um modo contínuo pelo inimigo de Deus. Ele sabe que se destruir a família vai destruir o lugar do amor, onde todos nós experimentamos o amor. O lugar onde mais verdadeiramente experimentamos o amor é na família, onde tudo é amor gratuito. É nela que você recebe e dá esse amor gratuito. E nada nos faz crescer mais como pessoas, imagem e semelhança de Deus, do que receber amor e aprender amar. A vida eterna é isso: amar e ser amado para sempre. E isso começa na família e também na grande família de Deus que é a Igreja Católica.

E quais são as bombas mais perigosas que o inimigo está jogando nas famílias? Uma das mais perigosas é o pecado da contracepção. Fazer com que os esposos achem que os filhos são um problema. Hoje quem pode ter filho diz que já não dá, pois tem que trabalhar muito, estabelecer primeiro sua vida profissional. E através da catequese do demônio (as novelas, filmes, músicas, etc) ele vai nos convencendo que a fecundidade é um problema. E por isso vemos muitos casais jovens dizendo que não querem ter filhos. É só você ver a quantidade de abortos por ano no mundo. Mais de 40 milhões de crianças são assassinadas pelos seus pais por ano.

A Bíblia diz que os filhos são sinais de bênção. No Antigo Testamento vemos que não ter filhos é sinal de maldição. Felizes são os pais que tem filhos, as famílias em que a vida é transmitida com amor.

Outra bomba é que o demônio está seduzindo o nosso mundo com o vício da luxúria: a idolatria do prazer sexual. Ele está arrastando muitas almas pelo vício da luxúria. Você faz do prazer sexual o seu “deus”. Veja como a pornografia se alastrou por todo lado, a internet está cheia dela. Quantos programas incitando a sensualidade, até mesmo nas crianças? Agora os estados estão impondo nas escolas a educação sexual, que deveria se chamar perversão sexual. Estão ensinando para crianças de 5, 6 anos, que a masturbação é boa, que o homossexualismo é bom. Estão impondo aos vários estados um programa de perversão sexual para destruir o homem. Esses pecados de desordem da sexualidade são altamente destrutíveis aos homens, pois impedem o amor verdadeiro. Pois você não ama, você usa a pessoa.

E infelizmente isso acontece também dentro dos casamentos. Muitos casais praticam a contracepção (que são todas as ações que antes, durante ou depois do ato conjugal tem como intenção tornar esse ato voluntariamente infecundo: camisinha, pílula, interromper o ato conjugal, o DIU, etc).

Os próprios médicos tentam impor a contracepção e você acaba sendo enganada pelo inimigo de Deus. Cuidado com a luxúria no casamento, sua esposa não é um objeto, é uma pessoa. Se você não se controla, peça a Deus a graça, jejue, reze e Deus te dará a graça.

A luxúria é como a droga, você começa a procurá-la, você vai pegando, pegando, pegando, depois quer sempre mais. Tantas esposas reclamam de muitos maridos que estão viciados em pornografia na internet ou que estão sendo traídas. Mas eu te pergunto: como foi o seu namoro? Foi um namoro casto, que aprendeu a amar o outro verdadeiramente, ou foi um namoro cheio de liberdade? Quem não se controla no namoro, não conseguirá se controlar no casamento. O problema vem de trás. Vocês não lutaram em permanecer na castidade, no domínio de si mesmo. Você não respeitou a sua namorada, a sua mulher, agora vem as amargas consequências. Mas Deus te concede a graça de recomeçar, pois para Ele nada é impossível.

Existem muitos estudos que mostram uma forte ligação entre os casais que praticam a contracepção e o divórcio. Aqueles que praticam a contracepção têm uma grande chance de se divorciar, justamente o contrário dos casais abertos à vida, onde o índice é quase zero. E hoje o demônio está conseguindo destruir a família através da contracepção e o divórcio. Em Portugal, em cada quatro casamentos, três terminam em divórcio. E cada vez mais aumentam as pessoas que não se casam, só se juntam, vivendo na fornicação. Cada vez mais existem aqueles que se divorciam civilmente e voltam a casar mais uma vez, duas, três vezes. Quantos filhos que não se sentem amados, pois sua mãe está com outro, seu pai está com outra. Que destrutivo é isso para uma criança! O que será dessas crianças que não foram amadas na família? Daqui a pouco casam e como vão amar se nunca experimentaram o verdadeiro amor? O demônio sabe que se destruir a família, destrói a humanidade.

Recentemente em Roma tivemos a Assembleia do Sínodo dos Bispos para a Família. O nosso Papa Francisco percebeu que temos que ajudar a família urgentemente. Irmãos, temos que rezar, que nos reunir para pensar em como podemos ajudar a salvar as nossas famílias. No ano que vem o Papa vai aprofundar ainda mais esse tema no Sínodo dos Bispos. Mas a mídia, os jornalistas, os inimigos de Deus, lançaram uma feroz campanha contra a família, alimentando confusões e mentiras sobre ela. Você ouviu um montão de besteiras nesses últimos dias como: a Igreja vai mudar e passar a dar comunhão para os casais de segunda união. Mentira. A Igreja não vai mudar meu irmão. Imagine, João Batista, perdeu a cabeça por acusar Herodes de estar com a mulher de seu irmão. Você conhece a história. E acabamos de ouvir na palavra de Jesus: “não separe o que Deus uniu”.

Se você pegar o Catecismo da Igreja Católica no número 1640 lemos o seguinte: “O vínculo matrimonial é, portanto, estabelecido pelo próprio Deus, de maneira que o matrimônio ratificado e consumado entre batizados não pode jamais ser dissolvido. Este vínculo, resultante do ato humano livre dos esposos e da consumação do matrimônio é, a partir de então, uma realidade irrevogável e dá origem a uma aliança garantida pela fidelidade de Deus. A Igreja não tem poder para se pronunciar contra esta disposição da sabedoria divina”. Ou seja, a Igreja não pode alterar nada daquilo que é a Palavra de Deus. Ela tem que transmitir fielmente seus ensinamentos.

E no parágrafo 1650 vemos: “Hoje em dia e em muitos países, são numerosos os católicos que recorrem ao divórcio, em conformidade com as leis civis, e que contraem civilmente uma nova união. A Igreja mantém, por fidelidade à palavra de Jesus Cristo («quem repudia a sua mulher e casa com outra comete adultério em relação à primeira; e se uma mulher repudia o seu marido e casa com outro, comete adultério»: Mc 10, 11-12), que não pode reconhecer como válida uma nova união, se o primeiro Matrimônio foi válido. Se os divorciados se casam civilmente, ficam numa situação objetivamente contrária à lei de Deus. Por isso, não podem aproximar-se da comunhão eucarística, enquanto persistir tal situação. Pelo mesmo motivo, ficam impedidos de exercer certas responsabilidades eclesiais. A reconciliação, por meio do sacramento da Penitência, só pode ser dada àqueles que se arrependerem de ter violado o sinal da Aliança e da fidelidade a Cristo e se comprometerem a viver em continência completa.” O CIC é claro em dizer que os esposos divorciados não podem receber a Comunhão Eucarística.

Mas e você que já é divorciado e quer voltar a comungar, o que você deve fazer? Na medida do possível, se você está com uma outra pessoa e não tem filhos, você deve largar dessa pessoa pois essa pessoa não é o seu marido, sua esposa. Depois de separar dessa pessoa você tem que se confessar. E já não estando em uma união ilícita, não estando em adultério, tendo confessado, você pode comungar e retornar o seu caminho rumo ao céu.

Mas é bem verdade que em muitos matrimônios a convivência entre os esposos se torna impossível. Por exemplo: casos de violência, a mulher bebe e bate no marido (digo assim para variar um pouco), ou casos de infidelidade. Nesses casos, tenho que continuar com o meu marido (esposa)? A Igreja ensina que é lícito aos esposos viverem separados, mas eles continuam casados. Você não peca se viver separado, você só não pode passar a viver com outra pessoa. Mas isso é somente em casos impossíveis. Se seu esposo ronca demais, ou se sua esposa queima a sopa todos os dias, paciência, se santifique com isso, mas continue com ele (a).

Agora vou falar sobre o sacramento da ordem que tem três graus, e foi instituído com a Eucaristia: ”fazei isto em memória de mim”. Nesse momento, Jesus institui os apóstolos, ministros do Sacramento do Altar. É um grande poder. Imagine que nem a Virgem Maria pode dizer: “Isto é o meu corpo” e transformar o pão em corpo de Jesus. Nem Nossa Senhora tem o poder de, diante de um pecador, de dizer: “Eu te absolvo dos teus pecados”. Dom Bosco dizia: “não tem graça maior que Deus possa conceder a uma família do que ter um filho sacerdote”. E o demônio também sabe que se destruir o sacerdote e também as outras almas consagradas, os religiosos, os missionários, vai causar uma grande confusão no povo de Deus, pois sem pastores o que será das ovelhas?

Existe um ataque cerrado contra os sacerdotes para confundir o povo de Deus. Ao invés de hoje você criticar o seu bispo, o seu padre, te convido a se tornar um intercessor do seu padre. Nós precisamos muito de sacerdotes santos.

Transcrição e adaptação: Guilherme Zaparolli

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