Prepare o caminho: seja um cristão bem disposto como João Batista
Hoje nós mergulhamos no Evangelho de Mateus, onde Jesus nos fala sobre Elias e, consequentemente, sobre João Batista. Os discípulos perguntaram: “Por que dizem que Elias deve vir primeiro?”. E Jesus responde: “Elias já veio, mas não o reconheceram”. Santo Tomás de Aquino nos explica que não se trata de reencarnação — que é contrária ao cristianismo — mas sim que João Batista tinha o espírito e a unção de Elias.
E qual era a missão dele? Preparar para o Senhor um povo bem disposto.
Eu pergunto a você: o que é uma pessoa bem disposta? É aquela que tem iniciativa, que vai e faz. O contrário é o “católico mal disposto”, aquele que vai à missa domingo, ouve a homilia e depois vai para casa “encher a cara”, achando que fez um favor a Deus. Não! O cristão bem disposto tem sede de Deus, disposição para rezar e para colocar a Palavra em prática.
O deserto: a faculdade do Profeta
João Batista é o precursor. O Catecismo (nº 720) diz que ele é aquele que precede, que prepara o caminho. Mas onde João foi formado? Na “faculdade de Jesus”: o deserto.
O deserto é o útero da profecia. Talvez este ano você tenha passado por muitas tribulações, doenças, crises financeiras ou términos de relacionamento. Tudo isso é deserto,. Não fuja do deserto! Quem foge do processo nunca entra na Terra Prometida. É no deserto, longe dos ruídos e distrações, que Deus nos purifica e nos ensina a ter esperança,. A esperança e a fé nos fazem ver o invisível e tocar no sobrenatural.

Padre Adriano Zandoná – Foto: Bruno Marques / Canção Nova
O que os doutores da Igreja ensinam
Para entendermos a grandeza de João Batista, trouxe o pensamento de grandes Doutores da Igreja:
- Santo Agostinho: “João é a voz, Cristo é o verbo… João foi grande porque reconheceu não ser ele o Cristo. Ele não quis usurpar a glória”.
- São João Crisóstomo: Preste atenção nessa “pancada”: João vivia no deserto para nos acusar com sua vida austera. A veste e o alimento dele eram um julgamento silencioso contra a nossa moleza e tibieza. Ele não procurava agradar, mas salvar. Suas palavras eram duras porque seu amor pelas almas era ardente.
- São Jerônimo: João não era a luz, mas com os olhos da fé contemplou a luz para mostrá-la a todos.
- Santo Tomás de Aquino: Ele recebeu um duplo mandato: preparar os corações para Cristo e manifestar a identidade de Cristo ao povo.
A construção da rodovia espiritual: 4 etapas práticas
A profecia de Isaías diz: “No deserto abri caminho para o Senhor… Todo vale seja aterrado, toda montanha rebaixada”. A missão de João Batista é construir um caminho onde não existe.
Vamos usar uma analogia prática. Você sabe como se constrói uma rodovia? Existem 4 etapas fundamentais que precisamos aplicar na nossa vida espiritual hoje:
1. Análise do solo (exame de consciência)
Nenhum engenheiro constrói sem analisar o terreno. Na vida espiritual, isso é o exame de consciência. É “cair em si”, como o filho pródigo, e reconhecer: “Eu preciso de Deus”. Você precisa olhar para dentro e identificar os impedimentos.
2. Terraplanagem (violência contra o pecado)
Depois de analisar, as máquinas vêm para nivelar: tiram terra de onde está alto e colocam onde falta. O que isso significa? É a fase da renúncia e da regularização do terreno. Aqui entra o que Jesus disse: “O Reino dos céus sofre violência e são os violentos que o conquistam”. Santo Agostinho explica que essa violência não é contra os outros, mas contra nós mesmos e nossas más paixões. Você precisa ser “violento” contra:
- Seu temperamento difícil;
- Sua língua que não cabe na boca (fofoca);
- Sua preguiça espiritual,,. O Reino de Deus sofre violência quando a alma se torna ardente e faz um esforço irresistível por Deus.
3. Pavimentação (vida sacramental)
Agora que o terreno está plano, precisamos criar a base sólida, o asfalto. Na nossa alma, essa é a fase da vida sacramental:
- Eucaristia: Se você pudesse comungar todo dia, não tem noção do que sua vida se tornaria.
- Bíblia e Catecismo: Nosso conhecimento é muito fraco. Precisamos ler a Bíblia e conhecer nossa doutrina,.
- Confissão: É o sacramento de cura e libertação. Não existe isso de “confessar direto com Deus” sem o sacramento,. Faça um bom exame de consciência, anote no papel e confesse objetivamente. Quando o padre diz “Eu te absolvo”, o demônio perde a autoridade sobre a sua vida.
4. Manutenção (perseverança)
A última fase é a mais importante: a manutenção. Sem ela, a estrada enche de buracos. É a fase da vigilância, do discipulado, de mudar as amizades e os relacionamentos que te afastam de Deus,. Jesus está batendo à porta; prepare o caminho para Ele!
A confissão mudou a minha história
Eu digo a vocês: minha vida só mudou de verdade quando coloquei em prática Confissão, Eucaristia e Bíblia. Quando conheci a Canção Nova, fazia três meses que eu tinha largado as drogas — cocaína, crack, tudo o que você imaginar. Eu já tinha sido expulso de escola e tido coma por overdose,. Tive meu encontro com Jesus, mas ainda “patinava”. Foi quando sentei para minha primeira confissão. Eu tinha medo, mas o padre me acolheu. Quando recebi a absolvição, o Espírito Santo falou ao meu coração: “O diabo não tem mais espaço na sua vida”. A partir dali, comecei a adorar o Santíssimo e ler a Bíblia. Nunca mais aquelas porcarias tocaram minha boca. Só a Eucaristia tocou minha boca para a glória de Deus!.
Deu no que deu: quase 15 anos de padre. E eu digo: a sua maior arma nesse combate é a Bíblia, a Confissão, a Eucaristia e o Rosário.
Repita comigo com fé: “A minha arma nesse combate pela fé é a Eucaristia, é a Bíblia, é a Confissão, é o Rosário, é o Jejum. São as cinco pedrinhas que Davi usou para derrotar Golias e que eu vou usar para vencer também!”.
Levante seus braços e peça: Senhor, me unge para a batalha. Eu quero ser João Batista para esta geração. Arranca todos os ídolos e apegos. Eu quero preparar o caminho para Ti!,.
Santos ou nada mais queremos ser!.