A Igreja Católica e os dogmas da fé: o alicerce da verdade revelada
É uma alegria estarmos juntos neste Acampamento de Fé Católica, onde aprenderemos muitas coisas importantes, entre elas os dogmas. Certamente, sairemos daqui edificados. Vamos abordar três assuntos cruciais para a nossa fé: o que é um dogma; por que o Papa é infalível ao proclamar um dogma; e o dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora.

Pregação com Professor Felipe Aquino – FOTO: Daniel Xavier / Canção Nova
O que você vai aprender nesta pregação?
1. A definição e a natureza imutável do dogma religioso;
2. O papel fundamental da Tradição da Igreja e sua equivalência à Bíblia;
3. Os fundamentos bíblicos da verdade na Igreja, com base nas promessas de Jesus na Santa Ceia;
4. Quando e como o Papa exerce a infalibilidade e a diferença entre infalibilidade e impecabilidade;
5. A autoridade da Sé de Pedro (o Papa) e os riscos do cisma;
6. O dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora.
O dogma: uma verdade inegociável
A natureza imutável do dogma
Primeiro, o que é um dogma? A palavra dogma significa verdade. E, meus amigos, a verdade não muda. Eu fui professor de Física e sei que a verdade científica, como o Teorema de Pitágoras (descoberto há 2.400 anos) ou a Lei do Empuxo de Arquimedes (descoberta há 200 anos antes de Cristo), continua sendo ensinada hoje porque é verdade.
O dogma é exatamente isso: uma verdade, mas não científica; é uma verdade religiosa que foi revelada por Deus.
É fundamental que entendamos que o dogma é algo que não muda e que somos obrigados a acreditar, mesmo que não entendamos. Por exemplo, o dogma da Santíssima Trindade ou o dogma da Eucaristia. Ninguém entende que aquele pedacinho de pão consagrado é Jesus. Não há ciência, nem laboratório, que possa enxergar Jesus ali dentro.
Tradição, escritura e a salvação
Sempre que um Papa proclama um dogma, mesmo que ele não esteja na Bíblia, ele pode estar na Tradição da Igreja, que tem o mesmo peso da Bíblia. O que é a Tradição da Igreja? É tudo aquilo que não está escrito na Bíblia, mas que veio dos apóstolos.
O Credo, por exemplo, não está na Bíblia, mas contém 12 dogmas. Você não encontrará, na Bíblia, que os sacramentos são sete, ou que Jesus mandou fazer a intercessão dos santos. Essas verdades vieram dos apóstolos e foram entendidas pela Igreja, guiada pelo Espírito Santo.
A salvação está na verdade. O mundo se divide em duas realidades: a verdade do Espírito Santo e a mentira do demônio, que Jesus chamou de “o pai da mentira”.
São Paulo, na Primeira Carta a Timóteo (1 Timóteo 2,4), diz que “Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade”. Se para se salvar é preciso chegar à verdade, então São Paulo complementa (1 Timóteo 3,15): “Timóteo, a igreja é a coluna e o fundamento da verdade”.
A Igreja é o alicerce e as colunas da verdade. Se você constrói um prédio, a segurança não está nas paredes, mas no alicerce e nas colunas. São Paulo está dizendo que não há outro lugar onde a verdade esteja a não ser na Igreja. É por isso que temos que ser fiéis à Igreja, pois ela tem o Espírito Santo como alma e Jesus como cabeça.
O Espírito da verdade (Paráclito)
A base do nosso dogma está nas promessas que Jesus fez na Última Ceia. São João narrou a Santa Ceia em cinco capítulos. Em João 14,15-17, Jesus promete: “Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Paráclito para que fique eternamente convosco”. Ele chama o Espírito Santo de o Espírito da verdade. Ele disse: “Não vos deixarei órfãos”.
Em João 14,25-26, Ele reitera: o Paráclito “irá ensinar-vos todas as coisas e vos recordará tudo o que eu disse”. O Espírito Santo é o “HD da igreja”, que revelou tudo aos apóstolos. Por fim, em João 16,12-13, Jesus revela: “Eu ainda tenho muitas coisas para dizer para vocês, mas vocês não estão preparados para ouvir agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da verdade, ensinar-vos-á toda a verdade”.
Se Jesus prometeu três vezes que o Espírito Santo ensinaria toda a verdade à Igreja, esta pode errar o caminho da salvação? Não! Aceitar que a Igreja errou seria dizer que Jesus mentiu ou foi um farsante na Santa Ceia. A verdade está na Igreja e ponto final.
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A infalibilidade papal: a autoridade de Pedro
A proclamação de um dogma
Quando é que o Papa proclama um dogma? Ele o faz quando uma verdade começa a ser colocada em dúvida por teólogos. Então, o papa intervém para colocar ponto final na discussão. Isso aconteceu cerca de 12 ou 13 vezes na história da Igreja.
A infalibilidade é exercida quando o Papa chama para si a responsabilidade para dizer: “Eu defino, declaro de maneira permanente, que isso aqui foi revelado por Deus”. Ninguém mais discute o assunto.
Normalmente, isso é feito através de uma bula pontifícia, um documento onde o Papa define uma verdade que deve ser acreditada por todos os cristãos e que foi revelada por Deus.
A autoridade do cargo, não do homem
É crucial entender que infalibilidade não quer dizer impecabilidade. O Papa se confessa e é pecador. Ele não é infalível em qualquer coisa; ele só é infalível quando fala de doutrina, fé e moral. Se o Papa falar de economia ou política, você pode discordar com respeito.
A autoridade do Papa não vem dele, mas sim do Céu, assim como a sentença de um juiz vem do Estado, ainda que o juiz possa ser “bandido”. Quando ele define um dogma, o Espírito Santo o assiste, ainda que ele seja pecador ou indigno.
Em 267 Papas que a Igreja já teve, nunca nenhum deles cancelou o ensinamento doutrinário de um Papa anterior, e nenhuma bula pontifícia foi revogada por outro Papa. Isso demonstra que o Espírito Santo o assiste.
Lembremos da promessa a São Pedro: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno nunca vão poder vencê-la”. E: “Eu te darei as chaves do reino do céu. Tudo que você ligar aqui na terra, Pedro, eu ligo no céu”. É seríssimo quando o Papa decide alguma coisa. Por exemplo, as datas de festas (como o Natal em 25 de dezembro) foram fixadas pelo Papa.
O cisma e a fidelidade ao Papa
É muito sério questionar a autoridade ou a legitimidade do Papa. Dizer “Eu não aceito este papa” ou chamá-lo de forma desrespeitosa pode caracterizar cisma. Isso sujeita o fiel à excomunhão latæ sententiæ (automática), conforme o Código de Direito Canônico.
A diferença entre o santo e o herege é que o santo corrige a Igreja, mas não destrói a Igreja nem o Papa. Já o herege busca destruir a doutrina e a autoridade papal para “corrigir” a Igreja. Santa Catarina de Sena, por exemplo, chamou o Papa de “Doce Cristo da terra” ao lhe pedir que voltasse a Roma, demonstrando máximo respeito.
O dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora
Deus quis mostrar-nos que Nossa Senhora não tem pecado original. Este é um dos quatro dogmas marianos, junto com a Maternidade Divina, a Assunção ao Céu e a Virgindade Perpétua.
Grandes Doutores da Igreja atestaram isso:
• Santo Agostinho (falecido em 430) disse: “Nem se deve tocar na palavra pecado em se tratando de Maria”.
• Santo Afonso de Ligório (Doutor da Igreja) argumentou: se Jesus podia escolher Sua mãe, Ele, sendo Deus, escolheria uma rainha, e não uma escrava do demônio (quem tem pecado original).
• São Cirilo de Alexandria (falecido em 444) questionou: que arquiteto consentiria que seu inimigo possuísse inteiramente a casa de moradia que ele próprio estava erguendo?
A proclamação formal e a confirmação do céu
O Papa Pio IX proclamou o dogma em 1854. Na Bula Ineffabilis Deus, ele utilizou a linguagem dogmática:
“Nós declaramos, decretamos e definimos que a doutrina… segundo a qual… a bem-aventurada Virgem Maria foi preservada de toda a mancha do pecado original no primeiro instante de sua concepção, foi revelado por Deus”.
Os católicos são obrigados a crer firmemente nisso, mesmo que não entendam.
Quatro anos após a proclamação do dogma, tivemos a confirmação do Céu.
1. 1830 – Nossa Senhora das Graças: Nossa Senhora apareceu a Santa Catarina Labouré, na França, e pediu que fosse cunhada a Medalha Milagrosa. Na medalha, estava a inscrição em letras de ouro: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”. O Céu trouxe essa verdade à terra.
2. 1858 – Lourdes: Quatro anos após o dogma, Nossa Senhora apareceu a Bernadete. Quando o padre pediu que a Senhora se identificasse, no dia 25 de março (Dia da Anunciação), Ela disse: “Eu sou a Imaculada Conceição”.
Com essa aparição, Nossa Senhora bateu o martelo em três verdades de uma vez só: “Eu sou imaculada”; “o Papa não erra quando proclama um dogma”; e “o pecado original existe”, mas Ela não o tinha.
Que a Imaculada Conceição rogue pela nossa fé para que nunca percamos a certeza da verdade em meio às trevas e tribulações.
Transcrição e adaptação: Adailton Batista
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