No Evangelho segundo São Mateus, capítulo 3, versículo 3, encontramos uma das descrições mais marcantes sobre João Batista:
“Uma voz clama no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas.”
Essas palavras são a citação do profeta Isaías (Is 40,3), escrita cerca de 700 anos antes do nascimento de João. Isaías não anuncia apenas um homem, mas uma voz — uma voz profética, forte, incômoda, viva — que rompe o silêncio do deserto para despertar um povo adormecido.
João Batista não é apenas mais um personagem bíblico. Ele é o cumprimento vivo da profecia, a manifestação concreta de que Deus fala, age e intervém na história. Quando lemos: “Ele falou pelos profetas”, como rezamos no Credo Niceno-Constantinopolitano, estamos assumindo que Deus nunca se calou diante da humanidade. Ele fala. E quando fala, usa os profetas como sua boca na terra.
João surge exatamente assim: como uma voz sem rosto, um anúncio que não busca reconhecimento próprio, mas que prepara os corações para receber o Messias. Ele não deseja fama nem glória. Sua missão é clara: abrir caminho para o Senhor.
O Profeta: mais que uma função, uma personalidade
Na estrutura bíblica, cada figura tem seu papel:
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O sacerdote garante a liturgia e o sacrifício do culto;
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Os levitas atraem a presença de Deus através do louvor;
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Os juízes interpretam a Lei;
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Os reis governam e mantêm a liderança;
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Os mestres ensinam e catequizam.
Mas quando Deus quer falar, Ele escolhe o profeta. É por isso que os reis, juízes e sacerdotes tantas vezes consultavam os profetas antes de tomar decisões. A palavra profética não é só revelação, é direção, correção, consolo.
E João Batista foi essa voz que não se calou diante da injustiça, que apontou o Cordeiro de Deus, que denunciou o pecado e preparou um povo para a conversão.
Confira a pregação completa no vídeo abaixo: