A cultura de Pentecostes

O corpo de João XXIII está intacto ainda hoje. Houve uma reportagem que afirmou estar intacto por causa dos produtos colocados nele. Mas o médico, que o embalsamou, diz que era para ele estar se deteriorando, mas que o examinou depois e, de fato, estava intacto. Para nós, este corpo é um sinal. É um sinal para toda a Igreja, pois ele convocou o Concílio Vaticano II justamente para que toda a Igreja retomasse o Pentecostes.

O Papa Leão XIII consagrou o século 20 ao Espírito Santo, mas infelizmente, nós, Igreja, não estávamos prontos. Depois na tarde do outro dia, um grupo de evangélicos pentecostais, em sua maioria negros, receberam o Pentecostes, e a partir daí começaram os Cenáculos. Houve falhas, mas os pentecostais são lindos e santos. Isso não só gerou homens santos, mas com eles também retornaram o Pentecostes e os Cenáculos. Essa graça aconteceu, mas quantos preconceitos e quantas lutas – até de nós católicos – os pentecostais passaram.

O Papa João XX mal tinha acabado o Concílio de 1965, e em 1966 já aconteceu o derramamento do Espírito Santo. E daí surgiram nos finais de semana grupos de oração. A Renovação Carismática Católica é a efusão do Espírito; depois do Concílio, Deus viu que o “odre” estava novo e colocou o “vinho novo”, que é o Espírito Santo.

Ano passado, quando padre Rufus esteve aqui mais uma vez, ele disse, com muita simplicidade na mesa da minha casa, que se nós levássemos a sério a efusão do Espírito não teríamos essa globalização que tem aí. A falha é nossa, e ele acrescentou que nós precisamos reinflamar a chama do carisma que Deus nos deu, e nós, Igreja, podemos renovar a face da terra.

Cultura da RCC, para mim, é o Pentecostes, que todos devem ter. No Documento de Aparecida, número 150, cujo título é “Cuidados pelo Espírito Santo”, o qual já começa com Jesus, quando o Senhor saiu do Batismo e foi conduzido pelo Espírito Santo a um deserto, este mesmo Espírito O acompanhou durante toda sua vida.

A partir de Pentecostes a Igreja expressa vitalidade divina, que se expressa com os dons dos carismas. Nós precisamos desta vitalidade divina. É a realização da profecia de Ezequiel que vê primeiramente ossos ressequidos, mas o Senhor lhe diz que profira um oráculo sobre eles, faça entrar o sopro da vida e profetize ao espírito, e assim por diante (confira Ezequiel 37, 1-14). A Palavra diz que se levanta um grande exército desses ossos. Este é desejo de Deus: transformar-nos em um grande exército. É isso que o Senhor quer e nós também precisamos querer.

Mas ainda é tempo de levarmos a sério o novo Pentecostes, Deus é irrevogável nos dons d’Ele e este é o grande dom para a Igreja. Não fiquemos parados nas águas passadas, águas sujas, águas putrefatas.

Agora cabe a nós tomarmos posse dessa graça, é agora, é o tempo de Kairós que está sobre nós. Se olhamos para o passado vemos a decepção de muitos, nós não podemos frustrar os sonhos de Deus. Não é à toa que você está vivendo este Renasem, mesmo se um dia você venha a ser um leigo, você não pode frustrar os sonhos de Deus.

Precisamos instalar a cultura do Pentecostes, precisamos dessa aldeia global. Através destes dons de Deus, a Igreja propaga o ministério do salvífico do Senhor. A salvação vai se propagar até que Jesus volte a segunda vez. O Espírito da Igreja forma missionários decididos e valentes como os grandes apóstolos Pedro e Paulo.

O Espírito Santo indica os lugares que precisam ser evangelizados e quem deve realizar essa missão. Agora isso é ordem da Igreja na América Latina. Isso está no Documento [de Aparecida] da Igreja, foi o Papa Bento XVI que assinou, ou nós o realizamos ou nós o realizamos, porque caso contrário, frustramos a Deus.

Quero me desgastar para que o Espírito Santo vá a todo canto. O que for necessário dar eu darei; darei tudo, quero me desgastar, desgastar por inteiro. Aqui obedeço e os meus me guardam, eu sou obediente. Eu quero me gastar no que é essencial, fazendo com que os desígnios divinos aconteçam.

Padre Paulo Ricardo, que é um profeta, fala coisas que têm de ser ditas, ele não se omite, o ministério é esse. E eu digo a você: seja um profeta como é o padre Paulo.

A Igreja tem dupla dimensão: hierárquica e carismática. Um exemplo da carismática sãos profetas e da hierárquica são aqueles que são bispos e têm seus mistérios que precisam exercer. Deus constituiu uns com ministério de cura, como padre Rufus, e todos, que tem ministério, sofrem e sofrem muito. E muitos já disseram: “Senhor, afasta de mim este cálice”, mas daí Deus lhes diz: “Agüenta firme porque Eu te constituí e os meus dons são irrevogáveis”.

Em I Coríntios, capítulo 1, versículos de 4 ao 7, está escrito: “ Não cesso de agradecer a Deus por vós, pela graça divina que vos foi dada em Jesus Cristo. Nele fostes ricamente contemplados com todos os dons, com os da palavra e os da ciência, tão solidamente foi confirmado em vós o testemunho de Cristo. Assim, enquanto aguardais a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo, não vos falta dom algum”. A Igreja de coríntios foi agraciada com todos os dons. E todas as Igrejas precisam ser contempladas com todos os dons.

No capítulo 2, versículos 6 a 7, de I Coríntios, está escrito: “Entretanto, o que pregamos entre os perfeitos é uma sabedoria, porém não a sabedoria deste mundo nem a dos grandes deste mundo, que são, aos olhos daquela, desqualificados. Pregamos a sabedoria de Deus, misteriosa e secreta, que Deus predeterminou antes de existir o tempo, para a nossa glória”.

Sabedoria que nenhuma autoridade deste mundo conheceu (pois se a tivessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da Glória). Aqui Paulo diz dos dons do Espírito Santo; estes foram o meio que Deus nos deu. Os dons do Espírito Santo foram reservados para nós, por isso devemos ser apóstolos do uso dos dons, pois quem tem o Espírito tem os dons d’Ele. Da mesma forma que você é inseparável dos seus defeitos e qualidades, assim é o Espírito Santo e os seus dons.

Você precisa crer que para Deus nada é impossível. Não podemos nos basear no intelectual dos homens, mas na sabedoria de Deus. Deus quer que sejamos apóstolos dos dons do Espírito. Não tem como uma pessoa que recebeu a efusão d’Ele não usar os dons.

Deus pode nos dar um carisma especial e aí se transforma em ministério, como o ministério de cura, de milagres, entre outros; também o de governar, porque governar é um ministério.

No Livro dos Atos dos Apóstolos, capítulo 11, versículo 26, está escrito que: “Durante um ano inteiro eles tomaram parte nas reuniões da comunidade e instruíram grande multidão, de maneira que em Antioquia é que os discípulos, pela primeira vez, foram chamados pelo nome de cristãos”. Ser chamados de cristãos é o mesmo que hoje ser chamado de carismático. Eles os chamaram assim porque viram os efeitos dos carismas. Cristão e carismático são sinônimos. Pois a Igreja de hoje não pode ser diferente da Igreja primitiva, pois precisamos ser modelados nesta [Igreja primitiva].

Em Atos, capítulo 11, versículos 19 a 25, está escrito:

“Entretanto, aqueles que foram dispersados pela perseguição que houve no tempo de Estêvão chegaram até a Fenícia, Chipre e Antioquia, pregando a Palavra só aos judeus.Alguns deles, porém, que eram de Chipre e de Cirene, entrando em Antioquia, dirigiram-se também aos gregos, anunciando-lhes o Evangelho do Senhor Jesus. A mão do Senhor estava com eles e grande foi o número dos que receberam a fé e se converteram ao Senhor. A notícia dessas coisas chegou aos ouvidos da Igreja de Jerusalém. Enviaram então Barnabé até Antioquia. Ao chegar lá, alegrou-se, vendo a graça de Deus, e a todos exortava a perseverar no Senhor com firmeza de coração, pois era um homem de bem e cheio do Espírito Santo e de fé. Assim uma grande multidão uniu-se ao Senhor. Em seguida, partiu Barnabé para Tarso, à procura de Saulo. Achou-o e levou-o para Antioquia. Durante um ano inteiro eles tomaram parte nas reuniões da comunidade e instruíram grande multidão, de maneira que em Antioquia é que os discípulos, pela primeira vez, foram chamados pelo nome de cristãos”.

Eles foram os primeiros a ter a ousadia de levar o Evangelho aos judeus e a outros povos; e como o levaram! Levaram-no por meio dos dons, dos carismas. É preciso usar a metodologia do ESPÍRITO. Era mais fácil levar o Evangelho para os pagãos do que para os judeus, mas eles entraram no coração dos judeus pelo poder do Espírito Santo. É preciso começar a pedir o derramamento do Espírito de Deus como o grande apóstolo Paulo o fez, para evangelizar o mundo pagão em que estamos. É só com a metodologia de Paulo e Barnabé que conseguiremos ter êxito, ou seja, na metodologia do Espírito Santo. Eles conseguiram discípulos de raça e assim se tornaram missionários. E o que a Igreja precisa é de um novo Pentescotes, que nos livre do cansaço e do comodismo.

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