A quem muito se ama, muito se perdoa

Padre Edimilson Lopes

O convite de Simão para Jesus jantar em sua casa, na verdade, tinha como intenção observá-Lo mais de perto. Porém, além de convidar Jesus, ele convidou outros amigos fariseus para o jantar.

Para a surpresa dos convidados, durante a visita de Jesus, Maria Madalena entrou naquela sala, um lugar reservado exclusivamente para homens. Nem mesmo as mulheres dos fariseus tinham acesso, muito menos uma pecadora, como eles a chamavam.

A primeira reação deles foi: “Se este homem realmente fosse um profeta, saberia quem é essa mulher e não permitiria que ela chegasse ao menos perto”. Mas Maria Madalena não se importou com os olhares e com comentários; ela caminhou, silenciosamente, até Jesus e, ao chegar perto d’Ele, jogou-se aos Seus pés.

Diante disso, os olhares de críticas e rejeição só aumentaram, mas ela queria simplesmente se prostrar aos pés de Jesus. Por isso, ela lavou os pés do Senhor com as próprias lágrimas, enxugou-os com seus cabelos e ungiu-os com perfume.

Talvez, na sua e na minha cabeça, teriam passado muitas coisas. Provavelmente, nem teríamos a ousadia de ter uma atitude de adoração como a dela, mas apenas uma coisa se passava na cabeça e no coração de Maria: “Senhor, eu preciso do Seu perdão”!

Jesus sabia o que se passava no coração daqueles homens e, ao ser questionado por Simão em relação à Sua atitude, responde: “Quando entrei em tua casa, tu não me ofereceste água para lavar os pés; ela, porém, banhou meus pés com lágrimas e enxugou-os com os cabelos. Tu não me deste o beijo de saudação; ela, porém, desde que entrei, não parou de beijar meus pés. Tu não derramaste óleo na minha cabeça; ela, porém, ungiu meus pés com perfume. Por esta razão, eu te declaro: os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados porque ela mostrou muito amor” (Lc 7, 44 – 47).

Maria Madalena foi muito perdoada, porque muito amou. Claro que para sermos amados por Deus não é necessário que tenhamos muitos pecados, mas com essa atitude o Senhor nos mostra que não há diferenciação entre aqueles que erraram ou não, desde que eles se disponham a amar de verdade.

Infelizmente, temos o hábito de julgar as pessoas por suas aparências e, principalmente, pelo passado delas. Não queremos saber o que elas têm vivido ou o que está em seu coração. Porém, o único capaz de julgar, com amor, é o próprio Deus.

Acredito que muitos já foram como Simão, o qual, com apenas o olhar, dava a sentença e classificava as pessoas de acordo com aquilo que estava diante dos seus olhos.

As pessoas que estão fora da Igreja realmente merecem um tratamento diferente: elas merecem um tratamento VIP, pois devem ser acolhidas com muito amor, para que, realmente, se sintam como se estivessem voltando para a casa do Pai. Qualquer acolhida diferente dessa só irá gerar algo negativo e uma provável rejeição.

Tudo que Deus quer falar para você e para qualquer outra pessoa é o mesmo que Jesus disse para Maria Madalena: “Tua fé te salvou, vá em paz!”. Por isso, não podemos ser nós a evitar a salvação de uma alma.

Não sejamos acusadores ou carrascos, mas sim homens e mulheres portadores da misericórdia de Deus. Não percamos tempo sendo semeadores de injustiça e acusações. Gastemos esse tempo com coisas melhores, experimentemos amar aquele que, até então, foi excluído; assim, veremos a diferença que pode fazer na vida do nosso próximo.

 
Transcrição e adaptação: Gustavo Souza
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