Fidelidade aos carismas

Dom Roberto Lopes
Foto: Mariana L. Gabriel/cancanova.com

No Antigo no Novo Testamento há uma preocupação com as viúvas e também a respeito dos escribas que escolhem os primeiros lugares na igreja. Estamos, irmãos, vivendo o “Ano da Fé” e, mesmo assim, muitos de nós, cristãos batizados, estamos indiferentes na fé e é por isso que o Papa quis dar uma atenção especial a ela neste ano.

Um dos primeiros pontos para se viver uma vida consagrada é a humildade, para que assim possamos evangelizar dentro de cada carisma, de cada comunidade. O povo de Deus tem o direito de encontrar em cada consagrado a pessoa de Jesus Cristo.

Jesus era um peregrino que não tinha onde colocar a cabeça; e nós, muitas vezes, estamos preocupados com as nossas necessidades pessoais. Precisamos mergulhar na  Palavra de Deus e nos alimentar dela.

Na Palavra, João Batista é a ponte que liga o AT com o NT. Ele, assim como nós consagrados, era um nazireu (ver em Nm 6), ou seja, um escolhido do Senhor. Cada escolhido que faz parte de uma comunidade precisa viver dentro da sociedade e não à margem dela.

Devemos viver cada carisma específico com intensidade, não nos esquecendo de que no centro de cada carisma está Jesus, e, assim, possamos encarnar o Cristo em nós.

"Precisamos ser  alegres e disponíveis ao anúncio do Evangelho"
Foto: Mariana L. Gabriel/cancanova.com

Na primeira leitura, a viúva, para a qual o profeta Elias pede água, está triste, depressiva, pois não tem nada para oferecer e ele, mas, na fé, ela deu ao profeta o que comer, acreditando que, mesmo não vendo, O Senhor providenciaria o necessário.

Estamos na expectativa do documento da Nova Evangelização, mas uma coisa é certa: nós devemos ser fiéis aos nossos carismas.

No período da Queda de Roma, nos século V, um Papa que amava a Palavra de Deus escreveu uma carta pastoral: o diálogo de São Gregório Magno. Esta carta trazia São Bento como figura de um grande líder, observando os dons de que cada um tem dentro de um carisma. Para São Bento, o Abade deve ser um pedagogo, e aquilo que cada um tem dentro de si deve ser colocado para fora. Cada um de nós precisa ser despojado e livre diante de Deus, pois não podemos deixar de evangelizar!

A Constituição Dogmática Lumen Gentium desenvolveu uma eclesiologia de comunhão, na qual, guiados pelo Espírito Santo, aprendemos a dar os passos necessários na evangelização. Em todos os momentos da história da Igreja tivemos os carismas que a nutriam, que tiveram como fundadores pessoas que buscaram a intimidade com Deus, como São Bento ao criar os beneditinos; São Francisco, os franciscanos; e, hoje, temos o monsenhor Jonas Abib, ao fundar a Canção Nova.

Em nossas comunidades, nós precisamos aprender a dialogar. Não podemos ser autossuficientes. A evangelização exige fôlego, pois o trabalho nunca acaba! Hoje, se eu perguntasse a cada um de vocês: "Como estamos dedicando o nosso tempo ao trabalho missionário? Como estamos nos relacionando com o Senhor? Você tem contribuído, em sua comunidade, com os dons que Deus lhe deu? O que você responderia?" 

Precisamos ser disponíveis e alegres ao anúncio do Evangelho e nos empenhar em colocar em prática os dons que Deus nos deu.

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