Força do amor

Márcio Todeschini
Foto: Wesley Almeida
Não vos torneis endurecidos como em Meribá, como no dia de Massá no deserto, onde vossos pais me provocaram e me tentaram, apesar de terem visto as minhas obras. Durante quarenta anos desgostou-me aquela geração, e eu disse: É um povo de coração desviado, que não conhece os meus desígnios. Por isso, jurei na minha cólera: Não hão de entrar no lugar do meu repouso. (Salmo 94 e 95)

O refrão do Salmo de hoje nos diz: "Não fecheis o vosso coração". Como está o seu coração hoje? Esta palavra, este refrão, estes versículos do Salmo, estão dentro de uma oração. Que não está dirigida diretamente para Deus, mas é um clamor dirigido a nós.

O salmista está chacoalhando os seus irmãos, implorando para que eles venham adorar ao Senhor. Pedindo-lhes que não endureçam o coração e, assim, possam abrir os olhos.

Precisamos de ajuda, de algo que venha sobre a nossa natureza e nos torne capazes de nos sensibilizamos e não fecharmos nosso coração. Quando fechamos a porta do nosso coração não tem jeito, Deus não entra,  pois respeita a sua escolha, mas, quando a abrimos Ele entra e o nosso coração não fica endurecido, pois sentimos o amor de Deus.

Quando resistimos, hesitamos, somos indiferentes, insensíveis, frios diante das situações que vemos à nossa volta,  nosso coração se endurece e abrimos o coração para o inimigo de Deus. Jesus quer fazer uma obra nova em seu coração, restaurar a  sensibilidade que você perdeu por causa das decepções.

Somos tão insensíveis que somos capazes de ver uma cena [triste] no jornal e podemos ficar tristes, mas, não somos capazes de derramar um lágrima, como se fosse somente uma notícia. O mundo, por causa do pecado, tem nos treinado para esta falta de sensibilidade, de amor humano, de respeito, de solidariedade e de caridade. Quantas vezes você viu um mendigo e quantas você rezou por ele? Ou melhor, quantas vezes você fez algo por ele?

Somos capazes de olhar para a cruz e não nos comovermos interiormente com o significado dela… Somos capazes de fazer de conta que ela esta aí só para decorar o estabelecimento, constranger as pessoas. Somos capazes de olhar para estas realidades e não fazer nada para que isso mude. A que ponto chegou a nossa dureza de coração? E o que nos resta, meus irmãos? Diga: "Temos uma esperança, ela não decepciona mesmo que seu coração se endureça". Não endureça o seu coração!

O coração endurecido provoca o pecado em nossa vida, pois é uma luta desigual lutar contra a carne se nossa alma não estiver fortalecida pelo Espírito Santo. Não conseguiremos com nossas próprias forças, pois, nossa luta contra o pecado é constante. Como diz São João da Cruz: "O demônio teme a alma unida a Deus". A  alma que está unida a Deus, que está rezando e não espera o mal, há a intervenção de Deus, que é o Senhor do universo, nela.

Peça a Deus esta graça: que Ele devolva a sensibilidade a você, para que você não passe desta vida e perca a chance de viver a eternidade.

Após esses discursos, Jesus deixou a Galiléia e veio para a Judéia, além do Jordão. Uma grande multidão o seguiu e ele curou seus doentes. Os fariseus vieram perguntar-lhe para pô-lo à prova: É permitido a um homem rejeitar sua mulher por um motivo qualquer? Respondeu-lhes Jesus: Não lestes que o Criador, no começo, fez o homem e a mulher e disse: Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão uma só carne? Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu. (Mateus 19, 1-6).

Meus irmãos, essa é a ordem estabelecida pelo Criador desde o começo. Na cultura judaica o homem só deixa sua família quando vai se casar. Existe um plano de felicidade, projetada por Deus, para nós, no qual a dureza do coração provoca a divisão. O coração duro desanima, desiste de amar, não sabe fazer silêncio para escutar a Deus.

O Catecismo da Igreja Católica, nos números 2.093 e 2.094, nos diz que a fé no amor de Deus envolve o apelo e a obrigação de responder à caridade divina por um amor sincero. O primeiro mandamento nos ordena que amemos a Deus acima de tudo e acima de todas as criaturas, por Ele mesmo e por causa d'Ele.

Pode-se pecar de diversas maneiras contra o amor de Deus: a indiferença, negligência ou recusa, a consideração da caridade divina, menosprezar a iniciativa (de Deus em nos amar) e negar Sua força. A ingratidão omite ou se recusa a reconhecer a cari­dade divina e a pagar amor com amor. A tibieza é uma hesitação ou uma negligência em responder ao amor divino, podendo impli­car a recusa de se entregar ao dinamismo da caridade. A acídia ou preguiça espiritual chega a recusar até a alegria que vem de Deus e a ter horror ao bem divino. O ódio a Deus vem do orgulho. Opõe-se ao amor de Deus, cuja bondade nega, e atreve-se a maldizê-lo como aquele que proíbe os pecados e inflige as penas.

"O demônio teme a alma unida a Deus"
Foto: Wesley Almeida

Como está o seu coração? Você tem vivido esta indiferença? Tenho sido ingrato, mal-agradecido? É muito fácil colocarmos a culpa no outro. Depois que meu primeiro casamento foi considerado nulo, descobri minha vocação, por isso estou na Canção Nova há 8 anos. Vim para a Canção Nova para servir e me apaixonei pela Eliete [esposa].

O que, nesta experiência que você fez para que não desse certo, abra o seu coração, se desprenda do passado, deixe-a onde ela aconteceu e acolha este novo de Deus para sua vida. Não feche seu coração em torno disso, se desprenda, até mesmo você que foi violentado. Deus quer lhe dar uma vida nova, quer lhe devolver a sensibilidade. Nenhuma falta de amor se compara ao amor que Deus quer derramar em sua vida. Sabe aquela história da chave do coração que só abre por dentro? Só você tem a chave. Até os gêmeos idênticos são diferentes, pois, Deus não repete o amor para criar, Ele o amou por inteiro!

A dureza no coração do homem provocou este pecado, que marca, mas nossa vida não se resume a esse mal [pecado], estamos nesta luta, uma luta cruel.

O livro do monsenhor Jonas "Curados para amar" é pequeno e com um conteúdo maravilhoso, com orações fantásticas.
Na página 53 diz: "Jesus não quer apenas que busquemos belezas exteriores, Ele quer mais que isso, quer o seu coração, pois  podemos ser polidos e ter o coração cheio de rancor". O próprio Jesus nos diz que é no coração que se passa a nossa transformação e se vocês deixarem o coração de vocês ser mudado terão sentimentos de amor, de bondade, de caridade. A boca fala do que o coração está cheio; não queira apenas maquiagem, o Senhor quer mudar os corações. Não é o que está fora, mas o que está dentro.

Jesus quer mudar o seu coração, não o feche, não o endureça, não seja insensível, ingrato, fazemos escolhas em nossa vida e estas determinam o que iremos viver.

Saí duas vezes de casa: a primeira vez queria ser feliz, mas, por minhas próprias forças, capacidades, para exibir um troféu. Meu coração estava duro, fechado, era uma pessoa de caminhada, de Igreja, mas não conseguia ouvir a voz de Deus. Experimentei um fracasso, voltei para casa, para o seio de minha família. Se você está experimentando este fracasso, volte para casa, volte para Deus! Não insista neste coração endurecido. É mais digno  fazer isso do que insistir nesse erro. Eu voltei para casa, minha família cuidou de mim, me deu todo o suporte de que eu precisava, e a única certeza que  eu tinha era a de que Deus não queria meu fracasso.

O Senhor não quer o seu fracasso! Quando recomecei, eu dizia para Deus: "Senhor, eu quebrei a cara, fiz tudo errado! Me ensina a fazer a Tua vontade". Hoje, ainda peço: "Me ajuda, Senhor, a fazer a Tua vontade", é a mesma oração, não mudou.  Passados alguns anos, saí de casa de novo para fazer a vontade de Deus e não a minha, por isso estou na Canção Nova! Por isso não posso desistir. O que me moveu a sair de casa foi a força do amor, que me levantou do fundo do poço! Foi por esta força que, mais tarde, saí de casa novamente. Deus me quer aqui, por isso, Ele tem curado meu coração. Lembro-me de duas coisas que me marcaram muito: fiz um propósito com Deus de sair de casa com a bênção d'Ele. Meu pai me disse: "Meu filho, é isso mesmo que você quer? Dê o melhor de você e não esqueça: não tem volta". Tenho que dar o melhor de mim para você, isso me marcou e quando cheguei  à Canção Nova vivi uma experiência muito triste,  pois um segurança foi morto em um assalto. Aos dois meses de comunidade disse ao monsenhor Jonas Abib que estava aqui para dar a vida nessa obra de Deus. Se não for por amor a Deus não dá certo, não há espaço para um coração duro dentro da nossa comunidade.

Transcrição e adaptação: Thaís Capucho


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