Os três pilares da Quaresma

Padre Bruno Costa

Que tempo maravilhoso é a Quaresma, pois é um tempo de reconciliação com Deus. É um tempo de verdadeira conversão. Vamos viver 40 dias nos preparando para a Páscoa. Esse não é tempo de tristeza, mas sim de retorno à casa do Pai. É um período de mudança e de oração.

Neste tempo, precisamos viver três aspectos com intensidade: oração, jejum e esmola. Precisamos fazer jejum, pois essa prática serve para nos lapidar, trabalha em nós a impulsão; Jesus passou 40 dias no deserto – em jejum –, superando toda tentação. Ele [jejum] nos da a graça para superarmos a tentação.

Existem vários tipos de jejum: jejum da Igreja, jejum a pão e água, ‘jejum da língua’, ou seja, falar menos. Depois da Quaresma, ressuscitaremos com Jesus.

“Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu. Quando, pois, dás esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita. Assim, a tua esmola se fará em segredo; e teu Pai, que vê o escondido, recompensar-te-á. Quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á. Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram um semblante abatido para manifestar aos homens que jejuam. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa” (Mateus 6, 1-5).

Não precisamos mostrar a ninguém as nossas penitências nem as nossas boas obras e nossa vida de oração. Não devemos praticá-las para agradar aos homens, e sim a Deus. Precisamos viver a oração, o jejum e a esmola, é tempo de ajudar os irmãos. Quantas pessoas estão passando por necessidades. Ajude-as e lhes dê esmolas. Tire o excesso do seu guarda-roupa, desapegue-se concretamente. No dia de jejum faça a experiência de doar o que você iria se alimentar ao mais necessitado.

Esta Quaresma não pode ser mais uma, ela precisa ser bem vivida; hoje precisamos assumir este tempo de graça. Este tempo é um período reservado, é o momento de parar e refletir em que nós estamos errando e onde podemos recomeçar. Então, peça ao Espírito Santo para lhe revelar qual área da sua vida precisa de mudança. Quarenta não é um número por acaso, é um número significativo na Bíblia, pois o dilúvio durou 40 dias, Jesus passou 40 dias no deserto; e 40 dias é o tempo que temos para morrer para o que é velho de forma a ressuscitarmos em Cristo. Precisamos morrer, para ressuscitar. Neste tempo quaresmal, quero viver o deserto para que eu ressuscite do meu passado.

Voltemos para Jesus, vamos procurar a confissão, vamos parar e pensar se estamos sendo coerentes com nós mesmos e com os outros. A esmola define a nossa relação com os outros; a oração define a nossa relação com Deus e o jejum define a nossa relação com as coisas. Por isso, pergunte-se como está a sua relação com os outros, com Deus e com as coisas. A nossa relação com Deus precisa ser 24 horas no dia, na hora de você dirigir, de trabalhar, sempre. Nosso relacionamento com o Senhor não pode se resumir na Capela, precisamos orar no ritmo da vida. Precisamos ser homens de oração, que acreditam na Palavra de Deus, na Palavra que salva!

Vamos viver a oração, o jejum e a esmola. Isso é um tripé, se um for tirado, podemos cair. Como estamos neste tripé?

Morra – como Jesus –, para sua vontade, para aquilo que você coloca como necessidade. Que em nossa vida seja feita a vontade de Deus. Morremos para o que é velho na certeza da ressurreição.


Transcrição: Elcka Torres

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