Um corpo para amar

Evan Lemoine
Foto: Robson Siqueira/cancaonova.com
O Senhor nos diz que Ele é amor e devemos amar como Ele ama. Mas como Deus ama? Que tipo de amor devemos ter? O que quer dizer amar como Senhor ama? Quem é Deus? Ele é a Santíssima Trindade; é o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Deus é uma explosão de amor, porque se doa inteiramente, e o Filho recebe todo amor do Pai e o corresponde. Então, o Pai recebe esse amor que vem do Filho. É uma troca tão forte que se transforma numa outra pessoa: o Espírito Santo. O amor entre o Pai e o Filho é o Espírito Santo.

O Pai, então, diz: “Vamos criar alguém que possa viver o que nós vivemos? Criar alguém que também possa ser essa explosão de amor?”. Por isso, Ele nos criou.

Nós precisamos ser livres para sermos capazes de amar. Aprendemos pelo Catecismo da Igreja Católica (CIC) que somos imagem e semelhança de Deus e, por isso, amamos. Mas o Papa João Paulo II disse que não fomos criados somente à imagem e semelhança do Senhor por causa da nossa razão e liberdade, mas também por causa do nosso corpo.

Nosso corpo não é um obstáculo para a santidade. Algumas pessoas dizem: “Seria tão fácil ser santo se eu não tivesse esse corpo, se não tivesse todos esses desejos, se não quisesse experimentar, sentir!"

Deus criou os anjos, e eles não tem um corpo, não têm sexualidade masculina nem feminina, não podem se reproduzir. O Senhor nos criou à Sua imagem e semelhança, somos muito mais parecidos com Ele do que qualquer outra criatura que exista. Por isso o demônio nos odeia, pois pegamos o lugar dele no céu.

O inimigo entendeu o plano de Deus, viu que o Senhor iria nos levantar, colocar-nos ao lado d'Ele. E o demônio disse: “Ei, e eu?”. É por isso que ele odeia a Virgem Maria e cada um de nós, porque não aceita que sejamos semelhante ao Pai.

"O corpo nos revela que Deus é amor", diz Evan Lemoine.
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Às vezes, pensamos assim: “O corpo é ruim, ele pertence ao inimigo. O espírito é bom, mas o corpo é ruim.” Estamos errados. Toda pessoa é um mistério, um universo por si só. E a única forma de conhecermos o mistério do corpo é por meio dele mesmo, pois este revela o mistérios de uma pessoa. Não precisamos nos parecer uns com os outros, porque Deus criou cada um de nós e Ele nos ama, por isso nos fez lindos. O corpo revela  nosso mistério interior, inteiro, e nos mostra também algo maior. O corpo nos revela quem é Deus.

Aprendemos sobre o Senhor nas Escrituras, na Igreja, na liturgia, mas, agora, aprendemos que podemos conhecê-Lo por meio do corpo, porque tudo na criação revela algo sobre Ele. As montanhas revelam que Deus é grande, é maravilhoso, poderoso. E o que o por do sol revela sobre Ele? Que Ele é lindo, é um artista. E o oceano, o que revela sobre o Criador? Que Ele é misterioso, grande, vasto, profundo.

No livro de Gênesis, lemos: “Ele criou todas as coisas e disse: “Isso é bom!'. Todos os dias, Ele olhou para Sua criação e disse que era "bom". Exceto quando criou o homem. Nesse momento, o Senhor disse: “Não é bom que o homem esteja só”. Não fomos criados para sermos sozinhos, mas para viver em comunhão.

Deus nos criou para que nós também pudéssemos viver essa troca de amor que dá a vida. Dar e receber, dar e receber… Por isso ele nos criou homem e mulher, macho e fêmea. Nós nos complementamos, por isso podemos estar unidos.

Quando homem e mulher têm uma relação sexual, eles podem dar a vida. O Senhor nos deu o dom de criar uma nova pessoa. Ele não pode criar um outro ser humano sem a nossa permissão. Todas as criaturas reproduzem, mas Deus vai até cada casal que tem o sacramento do matrimônio e lhe pergunta: “Vocês querem criam uma nova criatura comigo?”.

O corpo de um homem não faz sentido por si só, assim como o corpo de uma mulher também não faz sentido sozinho. O corpo de uma mulher revela sua vocação para ser esposa, ser mãe. Por que seu corpo daria leite, se não fosse para alimentar seu filho? Todo corpo dela revela o seu chamado para o matrimônio e para maternidade.

"Não podemos ter uma comunhão verdadeira com o outro se não nos doarmos 100% para ele", ensina o pregador.
Foto: Robson Siqueira/cancaonova.com

O corpo do homem revela seu chamado para ser pai e esposo. Isso também se aplica aos padres e às freiras, porque elas são as esposas de Cristo, por isso são chamadas de mães espirituais. Também os padres são os esposos da Igreja, por isso são chamados de pais, porque comungam da paternidade com Deus.

O saudoso Papa João Paulo II disse que revelamos, individualmente, quem é Deus, mas, na comunhão com as pessoas, nós O revelamos ainda mais, porque  Ele não é individual. O Senhor é uma comunhão de pessoas, uma explosão de troca de amor que dá a vida.

No livro 'Amor e responsabilidade', o então Cardeal Karol Wojtyla [ Papa João Paulo II] disse que “nossos desejos sexuais são obra-prima para construir o amor. A força que está dentro de nós, podemos canalizá-la para amar como Deus ama”.

Algumas pessoas acham que o Senhor cometeu um erro quando as criou, por isso dizem: “Ops! Ele colocou muitos hormônios aqui”. Não, não foi um erro. Deus colocou fogo dentro de você, uma sede de doar-se e unir-se a uma outra pessoa. Se não tivéssemos desejos sexuais, poderíamos ficar em casa o dia todo e jogar vídeo-game, mas é o nosso desejo que nos impulsiona a nos doarmos e unirmos nossa vida à vida do outro.

Graças a Deus que temos esse fogo dentro de nós! Mas não podemos deixar que ele queime sem controle; precisamos aprender a canalizar todos os nossos desejos para que ele nos conduza à união. Há uma força natural dentro do homem e da mulher que os empurra a ser um dom e entrar na comunhão de dar a vida. Por isso temos desejos sexuais.

Há dois casamento na Bíblia que são como uma moldura de toda a Escritura. No início, em Gênesis, há a união de Adão e Eva. No Apocalipse, há o casamento entre Cristo e a Igreja.

O Catecismo da Igreja Católica, 222, diz: “Deus revela o Seu mais profundo segredo: Ele, por Si só, é uma eterna comunicação de amor”. Ele nos criou e nos destinou para adentrar nessa comunhão. A Trindade Santa – Pai, Filho e Espírito Santo – criou esse primeiro casamento entre Adão e Eva como sinal da nossa eterna vocação de união com Deus. O casamento com Ele, em nossa religião, faz sentido, porque responde à nossa necessidade de amar e ser amado.

Nós precisamos aprender a viver nossa vocação no casamento e na vida celibatária. Precisamos aprender com Cristo, que amou a Igreja. O matrimônio nos ensina quem é Deus e para o que fossos chamados. O amor entre Jesus e a Igreja nos revela como devemos vier nossa vocação aqui na Terra.

Há um versículo, em toda Bíblia, que o Papa João Paulo II diz ser um resumo de toda fé, o qual nos revela quem é Deus e quem nós somos: Esta frase está na Carta de São Paulo aos Efésios 5, 31-32: “Por essa razão, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua esposa e eles serão uma só carne”. Esse é um grande mistério, e eu falo isso com referência à união de Cristo com a Igreja. Esse versículo está nos dizendo que a união entre o homem e a mulher é um sinal, um sacramento do amor entre Jesus e a Santa Igreja.

Todos somos chamados a viver a felicidade de comunhão entre as pessoas, somos chamados, por meio da nossa vocação, a amar, a alcançar a eterna comunhão com Deus.

Nós não podemos ter uma comunhão verdadeira com o outro se não nos doarmos 100% para ele. O outro também precisa receber 100% desse amor e, assim, doá-lo na totalidade. É um ciclo: dar e receber, dar e receber… No entanto, se isso não acontece, em vez de se unirem, eles se dividem no egoismo, fecham-se, isolam-se. Então, precisamos nos doar para poder estar em comunhão com a Trindade.

Não fomos criados para ser egoístas, então, todos os desejos que temos devem ser canalizados para que nos conduza à uma comunhão de amor total, exclusivo. Você quer uma amor assim?

Não poderemos ser totalmente de alguém se também nos doarmos para outras pessoas. O demônio nos conduz ao isolamento, ao egoísmo; o inferno é uma eterna solidão. No pecado você pode viver um pouquinho do inferno na Terra por meio da luxúria, do egoísmo.

Em quem você vai acreditar? Em um Deus que criou o seu coração, os seus desejos ou no inimigo que o odeia ou quer destruir a sua felicidade? Pense nisso!

Transcrição e Adaptação: Michelle Mimoso

 
Confira um trecho desta pregação:
 

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