Verdade tão antiga e tão nova

“Meu plano de governo não é fazer a minha vontade, mas a vontade de Nosso Senhor Jesus Cristo”

Hoje, queremos refletir sobre o sucessor de São Pedro, o Papa Bento XVI, homem que ama profundamente o Senhor. O Santo Padre, já no início de seu pontificado, quando questionado qual seria o seu plano de governo, ele não exitou em afirmar:

“Meu plano de governo não é fazer a minha vontade, mas a vontade de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Queremos, como ele, aprender a fazer a vontade de Deus; esta é a nossa proposta: refletirmos como podemos aprender a fazer e realizar aquilo que Deus quer de nós.

Uma das maneiras que temos para conhecer Jesus Cristo é recorrermos às Sagradas Escrituras e assim faremos.

Recorra comigo à Palavra de Deus no Evangelho de São Mateus 13, 45-53:

“O Reino dos Céus é também como um negociante que procura pérolas preciosas. Ao encontrar uma de grande valor, ele vai, vende todos os bens e compra aquela pérola. O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que pegou peixes de todo tipo.

Quando ficou cheia, os pescadores puxaram a rede para a praia, sentaram-se, recolheram os peixes bons em cestos e jogaram fora os que não prestavam. Assim, acontecerá no fim do mundo: os anjos virão para separar os maus dos justos, e lançarão os maus na fornalha de fogo.

Aí haverá choro e ranger de dentes. ‘Entendestes tudo isso?’ — ‘Sim’, responderam eles. Então Ele acrescentou: ‘Assim, pois, todo escriba que se torna discípulo do Reino dos Céus é como um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas’. Quando Jesus terminou de contar essas parábolas, partiu dali”.


A Palavra de Deus compara o Reino do Céus a um negociante que procura pérolas preciosas, e, ao encontrá-la, vende tudo que possui e compra aquela pérola. Nós somos assim, buscamos a todo instante este tesouro.

Já afirmava Aristóteles: “todos os homens desejam a felicidade”, temos em nós sede de felicidade, mas por outro lado, experimentamos que nada nesta terra é capaz de nos oferecer plenamente esta felicidade.

 

“Fizeste-nos, Senhor, para Ti; inquieto estará nosso coração enquanto não repousar em Ti”


Somos seres paradoxais, vivemos na terra, mas desejamos o Céu. Por isso, vivemos tão insatisfeitos. Basta olharmos em nossa história, recordando os sonhos que tivemos, os projetos que realizamos, enfim, mesmo que conquistemos muitas coisas lícitas, sabemos que tudo isso foi e é incapaz de nos dar a felicidade plena.

Todos os homens desejam Deus, mesmo sem saber. Não foi por acaso que afirmou Santo Agostinho: “Fizeste-nos, Senhor, para Ti; inquieto estará nosso coração enquanto não repousar em Ti”. Ora, o “finito pode nos dar centelhas de alegria, mas só o infinito pode saciar nosso coração”, também afirmou o Papa Bento XVI a um grupo de jovens em Assis.

Caríssimos, nosso coração é como um poço que não tem fundo. Por mais que coloquemos nossos afetos, sonhos, aquilo que mais amamos, jamais seremos saciados plenamente. O Santo Padre, na Jornada Mundial da Juventude, em Colônia, na Alemanha, ensinou-nos: “a felicidade que buscais, que tens direito, tem um nome, tem um rosto: Jesus de Nazaré”.

O encontro pessoal com Jesus precisa ser seguido de uma resposta sincera

Ora, enquanto não encontramos este rosto, este Tesouro, iremos peregrinar nesta terra em busca da pérolas preciosas. Mas, quando encontrarmos a Pérola Preciosa, quando descobrirmos que só Deus sacia o nosso coração, venderemos tudo em busca deste campo precioso, como afirmou o Evangelho.

Mas não basta encontrar o “Tesouro”, é preciso “vendermos” tudo o que temos. Muitas pessoas até se encontram com Jesus, mas continuam tristes, porque foram incapazes de renunciar ao pecado, renunciar a seus planos próprios para segui-Lo. O encontro pessoal com Jesus precisa ser seguido de uma resposta sincera, de uma renúncia aos bens desta terra para buscarmos as coisas do Alto.

São Lucas nos apresenta um jovem que encontrou Jesus, olhou em Seus olhos, mas foi incapaz de segui-Lo, porque não renunciou aos “tesouros” deste mundo. Acompanhe comigo a narrativa do evangelista:

“Um homem de alta posição perguntou-lhe: “Bom Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?” Jesus lhe respondeu: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus. Conheces os mandamentos: não cometerás adultério, não matarás, não roubarás, não levantarás falso testemunho, honrarás pai e mãe”.

Ele respondeu: “Tenho observado tudo isso desde a minha juventude”. Ouvindo estas palavras, Jesus lhe disse: “Uma coisa ainda te falta: vende tudo o que tens, dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me. Quando ouviu isso, ele ficou triste, pois era muito rico” (Lc 18,18-23). 

“Quais são as barreiras que nos impedem de sermos todo de Deus? Quais são nossos apegos?” 

Este jovem encontrou o Tesouro que todo homem deseja, mas foi incapaz de vender tudo. Aplicando isso em nossa vida, podemos nos perguntar: “Quais são as barreiras que nos impedem de sermos todo de Deus? Quais são nossos apegos?”.

Nossa tristeza é diretamente proporcional à nossa falta de entrega a Deus. O grande problema da renúncia é que, em vez de fixarmos o olhar na Pérola, no Tesouro, paramos naquilo que estamos perdendo, e assim, a renúncia se torna um grande fardo.

Meus irmãos, quando renunciamos tudo, somos como o homem do Evangelho, que, descobrindo o tesouro, vende tudo com alegria. Nossas renúncias precisam ser motivos de alegria, pois, fixando nosso olhar no tesouro, jamais seremos frustados.

“Queridos jovens: não tenhais medo de Cristo! Ele não tira nada, mas dá tudo”

Quero recorrer novamente a um trecho da homilia do Santo Padre, Bento XVI, na Santa Missa do início de seu ministério petrino, no dia 24 de abril de 2005, quando ele afirmou:

“Porventura, não temos todos nós, de um modo ou de outro, medo, se deixarmos entrar Cristo totalmente dentro de nós, se nos abrirmos completamente a Ele, medo de que Ele possa tirar-nos algo da nossa vida?

Não temos porventura medo de renunciar a algo de grandioso, único, que torna a vida tão bela? Não arriscamos depois de nos encontrarmos na angústia e privados da liberdade?”.

Continuou o Santo Padre: “Só nesta amizade se abrem, de par em par, as portas da vida. Só nesta amizade se abrem, realmente, as grandes potencialidades da condição humana. Só nesta amizade experimentamos o que é belo e o que liberta.

Assim, eu gostaria, com grande força e convicção, partindo da experiência de uma longa vida pessoal, de vos dizer, hoje, queridos jovens: ‘não tenhais medo de Cristo! Ele não tira nada, mas dá tudo. Quem se doa por Ele, recebe o cêntuplo’. Sim, abri, de par em par, as portas a Cristo e encontrareis a vida verdadeira. Amém.”

Caríssimos, Deus não nos tira nada, Ele nos dá tudo! Portanto, é nosso dever procurá-Lo de todo coração e, sem medo, mergulharmos em Seu amor, em Sua Palavra, pois n’Ele está nossa felicidade.

Devemos pedir ao Espírito Santo que faça nova todas as coisas


Muitos têm vivido como se o Evangelho fosse algo do passado, distante da realidade. Esses, aos poucos, têm perdido a noção do tesouro. Não precisamos jogar fora o Precioso para buscarmos um tesouro falso, mas devemos pedir ao Espírito Santo que faça nova todas as coisas, suplicando-Lhe que retire de nós toda cegueira, a qual nos impede de enxergarmos o Tesouro.

O segredo para nossa felicidade é: encontrando o Tesouro, que é Deus, renunciar tudo com alegria para buscarmos, de todo coração, a nossa felicidade, que é Jesus Cristo.

Que o Espírito Santo venha em nosso auxílio, renovando todas as coisas, para que nada ocupe o lugar do Senhor em nossa história. Assim, que nada roube o lugar de Deus de nossa vida. Que o Espírito do Senhor nos ajude a fazer a Sua vontade, pois Ele é nosso tesouro, nossa alegria verdadeira.

Deus nos abençoe.


Transcrição e adaptação: Ricardo Gaiotti

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